
Classificação das Trilhas



A classificação das trilhas é feita a partir da NBR 15505 - 2 e segue os critérios de Severidade do Meio, Orientação no percurso, Condições do terreno e Intensidade de esforço Físico. Que se dão da seguinte forma:
Severidade do meio
A classificação para este critério deve ser efetuada contando-se o número de ocorrências dos fatores listados abaixo, de forma cumulativa. Em cada trecho, cada fator é contado uma vez somente, independentemente de sua probabilidade e presença em maior ou menor parte do percurso. Devem ser considerados os seguintes fatores:
a) exposição a desprendimentos espontâneos de pedras durante o percurso;
b) exposição a desprendimentos de pedras provocados pelo próprio grupo ou outro durante o percurso;
c) eventualidade de queda no vazio ou por um declive acentuado;
d) existência de passagens onde seja necessário o uso das mãos para progredir no percurso;
e) exposição a trechos permanentemente escorregadios, pedregosos ou alagados durante o percurso;
f) exposição a trechos escorregadios ou alagados devido às chuvas durante o percurso;
g) travessia de rios ou outros corpos d’água com correnteza, a vau (sem ponte);
h) alta probabilidade de chuvas intensas ou contínuas para o período;
i) alta probabilidade de que pela noite a temperatura caia abaixo de 0 °C;
j) alta probabilidade de que a temperatura caia abaixo de 5 °C e a umidade relativa do ar supere os 90 %;
k) alta probabilidade de exposição a ventos fortes ou frios;
l) alta probabilidade de que a umidade relativa do ar seja inferior aos 30 %;
m) alta probabilidade de exposição ao calor em temperatura acima de 32 °C;
n) longos trechos de exposição ao sol forte;
o) tempo de realização da atividade igual ou superior a 1 h de marcha sem passar por um lugar habitado, um telefone de socorro (ou sinal de celular ou radiocomunicador) ou uma estrada aberta com fluxo de veículos;
p) tempo de realização da atividade igual ou superior a 3 h de marcha sem passar por um lugar habitado, um telefone de socorro (ou sinal de celular ou radiocomunicador) ou uma estrada aberta com fluxo de veículos;
q) a diferença entre o tempo necessário para completar o percurso e a quantidade de horas restantes de luz natural ao fim do dia (disponível na época do ano considerada) é menor que 3 h;
r) eventual diminuição da visibilidade por fenômenos atmosféricos que possa aumentar consideravelmente a dificuldade de orientação ou a localização de pessoas em algum trecho do percurso;
s) trajeto por vegetação densa ou por terreno irregular que possa dificultar a orientação ou a localização de pessoas em algum trecho do percurso;
t) região ou trechos sem acesso a água potável.
Tabela 1 apresenta a classificação segundo a severidade do meio em função do número de fatores identificados para cada trecho.
Valor - Classificação - Número de fatores
1 - Pouco severo - Até 3
2 - Moderadamente severo - 4 ou 5
3 - Severo - 6 a 8
4 - Bastante severo - 9 a 12
5 - Muito Severo - Pelo menos 13
Orientação no percurso
A classificação para este critério deve ser efetuada avaliando-se as condições do itinerário segundo a Tabela 2. Cada trecho deve ser avaliado em relação à facilidade de orientação para percorrê-lo.
Valor - Classificação - Condições de orientação no percurso
-
1 - Caminhos e cruzamentos bem definidos
Caminhos principais bem delimitados ou sinalizados, com cruzamentos claros com indicação explícita ou implícita. Manter-se sobre o caminho não exige esforço de identificação do traçado. Eventualmente, pode ser necessário acompanhar uma linha marcada por um acidente geográfico inconfundível (por exemplo, uma praia ou uma margem de um lago)
-
2 - Caminho ou sinalização que indica a continuidade
Existe um traçado claro do caminho sobre o terreno ou sinalização para a continuidade do percurso. Requer atenção para a continuidade e o cruzamento de outros traçados, mas sem necessidade de uma interpretação precisa dos acidentes geográficos. Esta condição se aplica à maioria dos caminhos sinalizados que utilizam, em um mesmo percurso, distintos tipos de caminhos com numerosos cruzamentos como, por exemplo, trilhos de veículos automotores, trilhas para pedestres, caminhos para montaria, campos assinalados por marcos (bem localizados e bem mantidos)
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3 - Exige a identificação de acidentes geográficos e de pontos cardeais
Ainda que o itinerário se desenvolva por traçado sobre trilhas, percursos marcados por acidentes geográficos (rios, fundos de vales, costas, cristas, costões de pedras, entre outros) ou marcas de passagem de outras pessoas, a escolha do itinerário adequado depende do reconhecimento dos acidentes geográficos e dos pontos cardeais
-
4 - Exige habilidades de navegação fora do traçado
Não existe traçado sobre o terreno, nem segurança de contar com pontos de referência no horizonte. O itinerário depende da compreensão do terreno e do traçado de rumos
-
5 - Exige navegação para utilizar trajetos alternativos e não conhecidos previamente
O itinerário depende da compreensão do terreno e do traçado de rotas, além de exigir capacidade de navegação para completar o percurso. Os rumos do itinerário podem ser interrompidos inesperadamente por obstáculos que necessitem ser contornados
Condições do terreno
A classificação para este critério deve ser efetuada avaliando-se as condições do terreno segundo a Tabela 3. Cada trecho deve ser avaliado em relação à dificuldade para percorrê-lo, no que se refere às condições do terreno, obstáculos e outras condições.
Valor - Classificação - Condições de orientação no percurso
-
1 - Percurso em superfícies planas
Estradas e pistas para veículos, independentemente da sua inclinação. Caminhos com degraus com piso plano e regular. Praias (de areia ou de cascalho) com piso nivelado e firme
-
2 - Percurso por caminhos sem obstáculos
Caminhos por diversos terrenos firmes, mas que mantenham a regularidade do piso, trilhas bem marcadas que não apresentem grandes inclinações nem obstáculos que requeiram grande esforço físico para serem ultrapassados. Percursos através de terrenos uniformes como campos e pastagens não muito inclinados
-
3 - Percurso por trilhas escalonadas ou terrenos irregulares
Percurso por trilhas com obstáculos ou degraus irregulares, de tamanho, altura e inclinação diferentes. Percurso fora de trilhas e por terrenos irregulares. Travessias de áreas pedregosas ou com afloramentos rochosos (lajes de pedras). Trechos de pedras soltas, pedreiras instáveis, raízes muito expostas, areões ou grandes erosões
-
4 - Percurso com obstáculos
Caminhos com obstáculos que podem exigir saltos ou a utilização das mãos até I Sup. (graduação UIAA para escalada ou progressão vertical)
-
5 - Percurso que requer técnicas verticais
Trechos que exigem técnicas de escalada do grau II até III Sup. (graduação UIAA para escalada ou progressão vertical). Exige a utilização de equipamentos e técnicas específicas. A existência destes trechos condiciona à menção na seção “Condições específicas”, conforme o Anexo B.
Intensidade de esforço físico
Cada trecho deve ser avaliado em relação à estimativa do esforço necessário, levando em conta a distância a ser percorrida e a influência dos desníveis (subidas e descidas).
Índice de esforço para caminhada em percursos de turismo
O cálculo da estimativa do esforço requerido é efetuado utilizando o índice de esforço para caminhada em percursos de turismo.
O índice de esforço para caminhada em percursos de turismo é calculado considerando-se uma pessoa adulta, não-esportista e com bagagem leve, nas condições típicas de realização de caminhadas, com acréscimos decorrentes das condições do terreno e dos desníveis do percurso. O índice de esforço para caminhada em percursos de turismo deve ser expresso em horas.
O tempo real para concluir o percurso pode variar em função de diversos fatores, como o condicionamento físico do caminhante, clima, ritmo de marcha, velocidade média, paradas, além dos mencionados acima.
O índice de esforço para caminhada em percursos de turismo pode ser utilizado para comparações entre percursos distintos e para fornecer uma informação sistematizada e padronizada acerca da intensidade de esforço físico necessário para completar determinado percurso.
Tempo Horizontal
O índice de esforço para caminhada em percursos de turismo é calculado, para trechos horizontais, a partir do cálculo do tempo de deslocamento horizontal obtido, dividindo-se a distância percorrida por uma velocidade média na horizontal conforme a equação abaixo:
Th=Dp/Vh
Onde:
Th é tempode deslocamento na horizontal.
Dp é a distância percorrida no trecho
E Vh é a velocidade média na horizontal.
As velocidades médias na horizontal a utilizar nesse cálculo são apresentadas abaixo.
- Piso fácil (por exemplo, estradas e pistas): 4 km/h;
- Piso moderado (por exemplo, trilhas, caminhos lisos e prados): 3 km/h;
- Piso difícil (por exemplo, caminhos ruins, pedregosos e leitos de rios): 2 km/h.
Tempo Vertical
A influência do desnível é levada em conta calculando-se o tempo adicional devido aos desníveis (subidas ou descidas). Esse tempo representa um esforço adicional. É calculado utilizando-se o desnível dividido por uma velocidade vertical padrão, que consta na Tabela 4.
Esses tempos adicionais para cada trecho devem ser calculados usando as equações abaixo:
Subida => Ts=D/Vs
Descida => Td=D/Vd
Onde:
D= Desnivel
Ts= Tempo na subida
Vs= Velocidade na subida
Td= Tempo na descida
Vd= Velocidade na descida
Ainda que os pontos de início e o de fim de um trecho estejam no mesmo nível, a existência de subidas e descidas pode implicar tempos adicionais ao tempo de deslocamento na horizontal.
Em cada trecho, deve ser calculado o acréscimo correspondente às subidas, independentemente do acréscimo correspondente às descidas. O tempo correspondente aos desníveis é a soma do tempo correspondente às subidas com o correspondente às descidas
Velocidades médias de deslocamento vertical em subida e em descida a considerar no cálculo de acréscimos de tempo para trechos com desnível na estimativa do esforço físico
Tipo de inclinação / Velocidade média (caminhada)
Subida (aclive) / 200 m/h (Vs)
Descida (declive) / 300 m/h (Vd)
Em cada trecho calculam-se dois tempos: o tempo correspondente ao deslocamento na horizontal e o tempo correspondente aos desníveis.
Subida => Ts=D/Vs
Descida => Td=D/Vd
Tv= Ts + Td
Para a análise do percurso devem ser somados os tempos correspondentes a cada trecho, resultando um tempo total para o deslocamento na horizontal e um outro tempo total para os desníveis.
O índice de esforço para caminhada em percursos de turismo é o resultado da soma do maior tempo obtido com a metade do menor tempo obtido dentre Th e Tv.
IE ABNT = Maior T + (menor T)/2
Onde
IE ABNT é o índice de esforço para caminhada em percursos de turismo;
T é o tempo, expresso em horas (h).
Classificação de índice de esforço
Classificação para este critério deve ser efetuada estimando-se o esforço físico necessário para completar o percurso, em termos de duração da atividade, segundo a Tabela 5.
Valor - Classificação - Índice de esforço físico.
1 - Pouco Esforço - Até 1 hora.
2 - Esforço moderado - Mais de 1 até 3 horas
3 - Esforço significativo - Mais de 3 até 6 horas
4 - Esforço intenso - Mais de 6 até 10 horas.
5 - Esforço extraordinário - Mais de 10 horas.
NOTA: A medida de tempo é expressa pelo índice de esforço para caminhada em percursos de
turismo e não traduz necessariamente o tempo cronológico de duração de uma atividade.
Comunicação da classificação da trilha
A comunicação da classificação do percurso deve apresentar os quatro critérios de forma unificada, com o resultado de cada critério associado ao símbolo respectivo. Quando para um mesmo percurso é feita a classificação para mais de uma atividade além da caminhada, os resultados devem ser apresentados separadamente.
Devem ainda ser apresentadas as seguintes informações:
⎯ local de início e local de chegada;
⎯ desnível total de subida;
⎯ desnível total de descida;
⎯ distância total;
⎯ condições específicas relevantes (como, por exemplo, percursos autoguiados, chuvas, época do ano, áreas alagadas, entre outros).
Recomenda-se que a comunicação da classificação esteja disponível no início do percurso ou em locais de acesso público como, por exemplo, centro de informações turísticas.
A comunicação da classificação deve ser atualizada sempre que houver alterações nas condições gerais do percurso.

Trilha do Rio do Boi
IE ABNT = Maior T + (menor T)/2
IE ABNT = 5 :45 + 1:40/2
IE ABNT = 6:35 h

Severidade do meio
Para a trilha do Rio do Boi apresentam-se os seguintes itens.
-
exposição a desprendimentos de pedras provocados pelo próprio grupo ou outro durante o percurso;
-
existência de passagens onde seja necessário o uso das mãos para progredir no percurso;
-
eventualidade de queda no vazio ou por um declive acentuado;
-
exposição a trechos permanentemente escorregadios, pedregosos ou alagados durante o percurso;
-
exposição a trechos escorregadios ou alagados devido às chuvas durante o percurso;
-
travessia de rios ou outros corpos d’água com correnteza, a vau (sem ponte);
-
alta probabilidade de exposição ao calor em temperatura acima de 32 °C; (verão)
-
tempo de realização da atividade igual ou superior a 1 h de marcha sem passar por um lugar habitado, um telefone de socorro (ou sinal de celular ou radiocomunicador) ou uma estrada aberta com fluxo de veículos;
-
diferença entre o tempo necessário para completar o percurso e a quantidade de horas restantes de luz natural ao fim do dia (disponível na época do ano considerada) é menor que 3 h;
-
trajeto por vegetação densa ou por terreno irregular que possa dificultar a orientação ou a localização de pessoas em algum trecho do percurso;
-
região ou trechos sem acesso a água potável.
Portanto com 11 fatores, a TRB é considerada com grau bastante severo (4).
Orientação no percurso
Sendo que a orientação no percurso exige a identificação de acidentes geográficos e de pontos cardeais, levando grau 3 de classificação.
Condições do terreno
De acordo com as condições do terreno a Trilha do Rio do Boi é classificada como percurso por trilhas escalonadas ou terrenos irregulares (3)
Intensidade de esforço físico
Com um índice de intensidade de esforço de 6:35 horas, a Trilha do Rio do Boi é considerada de esforço intenso (4).
Índice de esforço obtido através do calculo:
Tempo de deslocamento Horizontal
Th=Dp/Vh
Th= 7km /3km/h + 7km /2km/h
Th= 2:15h + 3:30h
Th= 5:45h
Tempo de deslocamento vertical
Tv=Ts+Td
Subida => Ts=D/Vs
Ts=200m /200m/h
Ts= 01:00 h
Descida => Td=D/Vd
Td=200m /300m/h
Td= 00:40h
Tv= Ts + Td
Tv= 1:00h + 0:40h
Tv= 1:40 h
Trilha das Piscinas do Malacara

Severidade do meio
Para a Trilha das Piscinas do Malacara apresentam-se os seguintes itens.
-
existência de passagens onde seja necessário o uso das mãos para progredir no percurso;
-
exposição a trechos permanentemente escorregadios, pedregosos ou alagados durante o percurso;
-
exposição a trechos escorregadios ou alagados devido às chuvas durante o percurso;
-
travessia de rios ou outros corpos d’água com correnteza, a vau (sem ponte);
-
alta probabilidade de exposição ao calor em temperatura acima de 32 °C; (verão)
-
trajeto por vegetação densa ou por terreno irregular que possa dificultar a orientação ou a localização de pessoas em algum trecho do percurso;
-
região ou trechos sem acesso a água potável.
Portanto com 7 fatores, a TPM é considerada com grau severo (3).
Orientação no percurso
Sendo que a orientação no percurso exige a identificação de acidentes geográficos e de pontos cardeais, levando grau 3 de classificação.
Condições do terreno
Pelas condições do terreno a Trilha das Piscinas do Malacara é classificada como percurso por trilhas escalonadas ou terrenos irregulares (3)
Intensidade de esforço físico
Com um índice de intensidade de esforço de 02:15 horas, a Trilha das Piscinas do Malacara é considerada de esforço moderado (2).
Índice de esforço obtido através do calculo:
Tempo de deslocamento Horizontal
Th=Dp/Vh
Th= 4km /3km/h + 1km /2km/h
Th= 1:20h + 00:30h
Th= 1:50h
IE ABNT = Maior T + (menor T)/2
IE ABNT = 01:50 + 00:50/2
IE ABNT = 02:15 h
Tempo de deslocamento vertical
Tv=Ts+Td
Subida => Ts=D/Vs
Ts=100m /200m/h
Ts= 00:30 h
Descida => Td=D/Vd
Td=100m /300m/h
Td= 00:20h
Tv= Ts + Td
Tv= 00:30h + 0:20h
Tv= 00:50 h
Cânion Itaimbézinho
IE ABNT = Maior T + (menor T)/2
IE ABNT = 5 :45 + 1:40/2
IE ABNT = 6:35 h

Severidade do meio
Para as trilhas do Cânion Itaimbézinho apresentam-se os seguintes itens.
-
exposição a trechos escorregadios ou alagados devido às chuvas durante o percurso;
-
alta probabilidade de exposição ao calor em temperatura acima de 32 °C; (verão)
-
longos trechos de exposição ao sol forte;
-
região ou trechos sem acesso a água potável.
Portanto com 4 fatores, as Trilhas do Cânion Itaimbézinho são consideradas com grau moderadamente severo (2).
Orientação no percurso
Sendo que a orientação no percurso exige a identificação de acidentes geográficos e de pontos cardeais, levando grau 3 de classificação.
Condições do terreno
De acordo com as condições do terreno a Trilha do Rio do Boi é classificada como percurso por trilhas escalonadas ou terrenos irregulares (3)
Intensidade de esforço físico
Com um índice de intensidade de esforço de 6:35 horas, a Trilha do Rio do Boi é considerada de esforço intenso (4).
Índice de esforço obtido através do calculo:
Tempo de deslocamento Horizontal
Th=Dp/Vh
Th= 7km /3km/h + 7km /2km/h
Th= 2:15h + 3:30h
Th= 5:45h
Tempo de deslocamento vertical
Tv=Ts+Td
Subida => Ts=D/Vs
Ts=200m /200m/h
Ts= 01:00 h
Descida => Td=D/Vd
Td=200m /300m/h
Td= 00:40h
Tv= Ts + Td
Tv= 1:00h + 0:40h
Tv= 1:40 h